
Nesta sexta-feira (28/02), a Casa Âmbar de Cultura, localizada na rua Porto Rico, 5, em Santo André, será palco da Sessão Mardita com a exibição do icônico filme de terror “O Bebê de Rosemary”. A sessão gratuita começa às 22h e promete um mergulho no mistério e no terror psicológico com um dos maiores clássicos do cinema dos anos 60.
Esse filme, que gerou muitas discussões desde o cenário até a trama, vai levar os espectadores para a atmosfera sombria e inquietante do edifício Dakota, em Nova Iorque — onde, além das filmagens, também morava John Lennon, que seria assassinado ali, no mesmo lugar, alguns anos depois. E não é só isso: o diretor Roman Polanski, que trouxe essa obra ao mundo, teria sua própria tragédia um ano depois, com o assassinato de sua esposa por uma seita. Uma década depois, Polanski fugiria dos Estados Unidos após ser acusado de violência sexual contra uma menor.
O Bebê de Rosemary é um filme profundamente marcante. A obra, com sua elegância e construção impecável, traz uma poderosa metáfora sobre a solidão e o desgaste de uma mulher grávida, questionando, inclusive, quem é o responsável pela gravidez. O filme levanta ainda a crítica sobre a pressão social sobre as mulheres, que são cobradas por tudo, o tempo todo.
O desempenho de Mia Farrow como Rosemary é outro ponto crucial, sendo considerado uma das melhores atuações de sua carreira. Sua representação da gradual perda de controle sobre sua própria vida e a crescente sensação de isolamento são centrais para o impacto emocional do filme. Acompanhada por uma música minimalista e perturbadora de Krzysztof Komeda, a construção do filme mantém o público em um estado de constante apreensão.
O filme também se destaca pela reflexão social que apresenta. Ele toca em temas como o controle sobre o corpo da mulher, a perda de agência pessoal e a exploração das expectativas sociais impostas às mulheres. A gravidez, um dos eventos naturais da vida de qualquer mulher, se torna o epicentro de uma trama assustadora e opressiva.
Polanski, ao criar um filme com camadas de mistério e horror psicológico, também aborda questões sobre o poder e as manipulações das figuras masculinas na vida da protagonista, sendo um reflexo das tensões sociais da época, especialmente no que diz respeito à autonomia feminina.
A história, além de sua forte mensagem social, também é marcada por acontecimentos reais e trágicos que envolveram o diretor, Roman Polanski. O destino do próprio Polanski, marcado pela morte de sua esposa, Sharon Tate, pelas mãos de uma seita no final dos anos 1960, criou um vínculo quase profético com o enredo do filme, tornando ainda mais perturbadora a experiência de assistir “O Bebê de Rosemary”.
O filme é uma verdadeira aula de construção de tensão, com uma história que explora o medo psicológico e os horrores da manipulação. Além disso, a narrativa se baseia em um realismo perturbador, que faz com que o espectador questione a linha tênue entre a loucura e a realidade. Polanski, com sua direção primorosa, consegue transformar esse filme em um dos pilares do gênero de terror psicológico, que permanece relevante até hoje, sendo constantemente referenciado e estudado por cineastas e críticos.