
A preocupação com a reciclagem e o bem-estar animal tem mobilizado prefeituras do ABC a investirem em programas que trocam materiais recicláveis por ração para pets. Assim como Santo André e Ribeirão Pires, outras cidades da região começaram a analisar ou já implantaram iniciativas semelhantes, com intuito de estimular a destinação correta dos resíduos e apoiar famílias que cuidam de animais.
Rio Grande da Serra já está na fase final de implementação do programa de coleta de tampinhas plásticas, que funcionará como um PEV (Ponto de Entrega Voluntária). As tampinhas, feitas de PP (polipropileno), serão vendidas para indústrias de reciclagem, e os valores arrecadados serão revertidos para a compra de ração para animais abandonados e cadeiras de rodas para pessoas em situação de vulnerabilidade.
Nos últimos três meses, a Prefeitura já coletou 90 quilos de tampinhas e tem a meta de alcançar 60 quilos por mês. A população pode contribuir armazenando tampinhas de garrafas PET, produtos de limpeza e potes plásticos, que devem ser entregues nos coletores identificados pelo programa.
Diadema, que atualmente não possui programa de troca de recicláveis por ração, estuda a implementação do projeto no futuro. No momento, a administração municipal prepara o lançamento do programa Moeda Verde, que integra o Plano de 100 Dias de Governo, mas ainda não contempla a troca por ração animal.
Já em Mauá, o programa Troca Verde, que permite a troca de materiais recicláveis por alimentos ou ração para cães e gatos, está disponível desde 2023, mas a Prefeitura analisa fortalecer a iniciativa e combater o descarte irregular com investimentos no programa.
Em atuação
Entre as cidades que já contam com esse serviço em atuação, Santo André possui o Moeda Pet, no qual moradores trocam garrafas PET por ração, sempre no último sábado do mês. O material arrecadado é encaminhado às cooperativas que atuam no Aterro Sanitário Municipal, onde as garrafas são recicladas, gerando renda para os trabalhadores do setor.
Para participar, é necessário que os resíduos estejam limpos e secos. Cada CPF tem direito a trocar até três quilos de ração, sendo que um quilo de PET equivale a cerca de 20 garrafas de dois litros. Somente em 2024, o programa arrecadou mais de 250 mil garrafas, entregues por aproximadamente 2,5 mil pessoas, e distribuiu 12,5 toneladas de ração.
Além disso, o Moeda Pet será ampliado para outros municípios do estado por meio de um projeto de lei aprovado na Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Assembleia Legislativa de São Paulo, que autoriza a criação do programa em âmbito estadual. O texto agora aguarda votação no plenário.
Contra os maus-tratos
Em Ribeirão Pires, existe o programa Tigela Cheia, no qual os moradores trocam garrafas PET por ração, além de conhecer cães e gatos resgatados de maus-tratos ou abandono. Durante a ação, há incentivo à adoção responsável, distribuição de mudas de plantas nativas e vacinação antirrábica gratuita para os pets. O programa, que também acontece no último sábado do mês, busca estimular o descarte correto de resíduos e fortalecer a saúde pública por meio da imunização animal.
Apesar de não ter um programa de troca por ração, São Caetano possui o Banco de Ração, destinado a instituições do terceiro setor, como ONGs de proteção animal. As entidades cadastradas retiram a ração no local e fazem a distribuição gratuita aos animais sob seus cuidados. O abastecimento do banco é feito por redes atacadistas e varejistas, e os produtos passam por vistoria antes da entrega.
Além disso, há o programa EcoTroca, que permite a troca de recicláveis por alimentos. A cada um quilo de materiais recicláveis ou um litro de óleo de cozinha usado, o morador recebe um quilo de alimento. No entanto, o EcoTroca não contempla a troca direta por ração para animais.