A segurança feminina tornou-se um tema urgente, especialmente diante dos altos índices de violência contra a mulher no Brasil. De acordo com a 5ª edição do relatório Visível e Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil, 91,8% das agressões foram testemunhadas por outras pessoas, mas quase metade das vítimas (47,4%) não procurou ajuda.
Diante desse cenário, Mirian Bazote, vice-presidente da OAB Subseção Santo André e especialista em segurança, utiliza as redes sociais para compartilhar orientações valiosas sobre como as mulheres podem se proteger no dia a dia.
Em entrevista ao RDtv, Mirian conta que sua iniciativa surgiu de forma espontânea, ao perceber lacunas na segurança pública e a falta de informação sobre as diferenças entre a segurança feminina e masculina. “No Mês da Mulher, decidi fazer algo diferente e iniciei uma série de vídeos curtos no Instagram. A recepção foi surpreendente. Um dos vídeos, focado na rotina doméstica, teve 200 mil visualizações em apenas 24 horas, provando a importância do tema”, afirma. Seu perfil no Instagram (@mirianbazote) já ultrapassou 285 mil visualizações.
A especialista destaca que segurança começa com prevenção e atenção ao ambiente. Pequenos hábitos fazem diferença, como manter-se atenta ao redor, evitar carregar objetos desnecessários ao sair sozinha e observar padrões incomuns em locais públicos. Mirian explica que, muitas vezes, o simples fato de demonstrar atenção ao ambiente já reduz significativamente o risco de se tornar um alvo.
Além das situações do cotidiano, Mirian alerta que a violência contra a mulher vai além da agressão física. A violência patrimonial, por exemplo, ocorre quando a mulher é financeiramente controlada pelo parceiro, impedindo que busque ajuda ou se afaste da relação. Segundo a especialista, muitas vítimas sequer percebem que estão em uma situação de abuso, pois associam violência apenas a atos físicos.
Em Santo André, a OAB atua junto à Guarda Municipal e à Patrulha Maria da Penha para oferecer suporte às mulheres, incluindo um aplicativo de segurança exclusivo para aquelas que possuem medidas protetivas. “O aplicativo fica oculto no celular e, ao ser acionado, a Guarda Municipal chega ao local em até dez minutos. Desde que foi implementado, há cinco anos, nenhuma mulher que usa o aplicativo foi vítima de feminicídio na cidade”, destaca.
Para ampliar o alcance das orientações sobre segurança, Mirian está desenvolvendo dois e-books. O primeiro reúne dicas práticas para diversas situações, enquanto o segundo abordará simulações baseadas em cenários reais, ajudando mulheres a adotarem posturas preventivas sem alarmismo. Ela reforça que, apesar da importância das homenagens no Dia Internacional da Mulher, a segurança deve ser debatida ao longo de todo o ano. “Precisamos de reconhecimento, mas, acima de tudo, de informação e ferramentas para nos protegermos.”
Mais informações sobre os livros estão disponíveis no site bazote.com.br.