ABC - terça-feira , 22 de abril de 2025

Greve por igualdade salarial no transporte escolar de SBC resulta em demissões

Trabalhadores em paralisação na última semana em frente a garagem do Jardim Silvina, em São Bernardo (Foto: Reprodução Viva ABC)

Uma semana após a manifestação dos motoristas de vans escolares que prestam serviço à Prefeitura de São Bernardo, a única proposta recebida pelos trabalhadores foi o reajuste do vale-alimentação, de R$ 162 para R$ 450. No entanto, os salários dos motoristas contratados pelas empresas Logitec e JJ ainda não foram equiparados aos dos profissionais da Diastur, empresa que também mantém contrato com a administração municipal.

A disparidade nos benefícios e nos salários entre trabalhadores que exercem exatamente as mesmas funções foi o principal motivo da paralisação em 6 de março. Além disso, cinco motoristas teriam sido demitidos por justa causa após o protesto da última semana.

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Os motoristas denunciam que os salários na Diastur são superiores aos das outras duas empresas do mesmo grupo empresarial, que utilizam as mesmas garagens, mas pagam menos. “A gente ganha R$ 1.900, enquanto um motorista da Diastur recebe quase R$ 4 mil, e realizamos exatamente a mesma função”, relata um motorista que preferiu não se identificar por medo de represálias. “Gostamos do que fazemos e somos gratos pelo emprego, mas não faz sentido haver uma diferença salarial tão grande”, acrescenta.

Apesar do aumento no vale-alimentação, os trabalhadores consideram a situação insatisfatória. “O salário já é baixo, e ainda há muitos descontos. Qualquer problema com a van, algo que estamos sujeitos no trânsito, é descontado da gente. Não dá para viver com um salário assim, sendo que temos uma enorme responsabilidade com as crianças”, desabafa outro motorista.

Além da desigualdade salarial, os trabalhadores relatam pressão dentro da empresa. Segundo uma motorista que também pediu anonimato, cinco colegas foram demitidos após a paralisação do dia 6. Mesmo com as negociações entre a prefeitura e os manifestantes, não houve acordo para a readmissão desses profissionais. Ela afirma que o clima continua tenso e que uma nova manifestação não está descartada.

No dia do protesto, 3.997 alunos ficaram sem transporte para a escola. Na ocasião, a prefeitura informou que analisava medidas jurídicas contra a Diastur. O RD questionou quais providências foram tomadas e se a empresa contratada pode repassar parte do serviço a outras companhias do mesmo grupo. A administração municipal confirmou que isso é permitido e afirmou ter adotado medidas administrativas, reforçando a responsabilidade da Diastur pelo impacto na Educação do município.

Atualmente, o contrato com a empresa é válido até 3 de maio de 2025, com possibilidade de prorrogação por mais 12 meses, até maio de 2026. A frota utilizada no serviço conta com 423 veículos, entre vans, micro-ônibus e ônibus. A Secretaria esclareceu ainda que a licitação permite à concessionária delegar o serviço a outras empresas, inclusive do mesmo grupo empresarial.

Questionada sobre o assunto, a Diastur não se manifestou até o fechamento da reportagem.

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