O TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada) é uma condição caracterizada pela preocupação excessiva e constante com diversas áreas da vida. Diferente do medo, a resposta imediata a ameaças, a ansiedade envolve a antecipação de perigos futuros, ativando o estado de alerta permanente no organismo. Quando não tratada, a condição compromete a capacidade de raciocínio e leva ao desenvolvimento da depressão.
Em entrevista ao RDtv, o médico psiquiatra Cyro Masci explica que a ansiedade, em sua forma moderada, é um mecanismo natural e necessário para a sobrevivência. No entanto, quando essa resposta passa do ponto e se torna persistente, o transtorno pode se instalar. “A ansiedade sempre existiu, mas foi só a partir do século passado que a ciência passou a estudá-la de forma mais aprofundada. Hoje, sabemos que, quando excessiva, ela afeta o funcionamento do cérebro e prejudica a tomada de decisões”.
No país, o aumento dos casos de ansiedade atingem diversas camadas, como a do mercado de trabalho. Segundo o Ministério da Previdência Social, em 2024 foram quase meio milhão de afastamentos de trabalho devido a fatores de estresse, o maior número em pelo menos dez anos.
Sintomas
O TAG se manifesta por meio de sintomas como tensão muscular, inquietação, dificuldade de concentração e preocupação constante. Esse estado de alerta ininterrupto compromete a atividade do córtex pré-frontal, região responsável pela solução de problemas e regulação emocional, tornando o indivíduo mais vulnerável ao desenvolvimento de transtornos depressivos.
De acordo com Masci, as mulheres são as mais afetadas pelo transtorno, com incidência duas vezes maior do que homens. “Elas enfrentam oscilações hormonais diárias, lidam com ciclos menstruais que podem ser estressantes e, além disso, precisam equilibrar a vida profissional com as responsabilidades familiares. Todo esse acúmulo de funções desencadeia ou agrava quadros de ansiedade”, explica.
Os gatilhos para a ansiedade variam conforme a experiência de cada indivíduo, mas há fatores comuns que desencadeiam crises, como conflitos interpessoais, instabilidade financeira e sobrecarga profissional. Situações que afetam a autoestima, como pressões sociais e padrões estéticos, também são gatilhos importantes.
Diagnóstico e tratamento
Para diferenciar o TAG de outros transtornos, Masci esclarece que a crise de pânico, por exemplo, tem uma manifestação mais física e imediata, com sintomas como suor em excesso, palpitações e sensação de irrealidade. Já a ansiedade generalizada é mais contínua e mental, caracterizada por uma tensão persistente. “Pacientes relatam que por fora parecem calmos, mas por dentro, estão sempre em estado de alerta e preocupação sobre o futuro”, diz.
O tratamento do transtorno envolve a abordagem multifatorial. Além da terapia cognitivo-comportamental, que auxilia na identificação e controle dos pensamentos ansiosos, outras estratégias são incorporadas para aliviar os sintomas. “Exercícios de respiração são fundamentais, assim como práticas que desviem a atenção da ansiedade, como yoga e mindfulness”, comenta Masci. O contato com a natureza e a adoção de hábitos saudáveis também são indicados como formas complementares de controle da ansiedade.