
Os trabalhadores do segmento de logística da Dolly Refrigerantes estão em greve. Segundo o Sintetra (Sindicato dos Rodoviário do ABC), a adesão ao movimento paredista é de 100% e o manifesto aconteceu porque, em meio a reivindicações de melhores salários e condições de trabalho, oito funcionários acabaram demitidos por ter cumprimentado manifestantes e sindicalistas do lado de fora da sede da transportadora Brabeb, empresa do grupo Dolly.
A paralisação, que teve início na madrugada desta segunda-feira (17/03) na frente da transportadora na rua Garcia Lorca, no bairro Pauliceia, em São Bernardo, nesta terça-feira (18/03) os trabalhadores prometem parar também a fábrica de refrigerantes, que fica no bairro Parque Reid, em Diadema.
De acordo com Reinaldo Giotto, diretor de comunicação do Sintetra, a empresa não tem negociado com o sindicato há seis anos e os salários dos trabalhadores estão defasados. Em meio a essa crise, no dia 26 de fevereiro, o Sintetra fez um ato em frente à empresa, que foi retaliado com as demissões.
“Nós estávamos na porta da empresa, porque aqui é o centro de logística da empresa, os produtos saem da fábrica, vem para cá e daqui são distribuídos em caminhões. Alguns trabalhadores da noite vieram conversar com o pessoal do sindicato e no dia seguinte oito deles estavam demitidos e a empresa dispensou alegando justa causa. Nosso movimento é, primeiro pela manutenção dos empregos deste pessoal que foi demitido injustamente, e por melhores condições de trabalho”, explica.
O diretor sindical disse que na Brabed as instalações são precárias para os trabalhadores. “Os banheiros são imundos e não tem mesa no refeitório, o trabalhador tem de comer com o prato na mão”, aponta.
Giotto conta ainda que há 7 anos a Dolly se recusa a negociar com o sindicato dos rodoviários. “Eles não nos recebem, o trabalhador está com os salários defasados e o vale refeição, que no acordo coletivo é de R$ 31, a empresa só paga R$ 19. A empresa preferiu endurecer, pois a nossa reivindicação tinha como prioridade as melhores condições de trabalho, agora nossa exigência é pela recontratação destes trabalhadores. Aqui em São Bernardo a adesão foi de 100%, e vamos parar também a fábrica da empresa até que ela aceite negociar”, disse o diretor.
A Brabeb, alvo inicial do Sintetra, é uma das empresas do Grupo Dolly que estão em recuperação judicial iniciada em 2018. No ano passado mais uma empresa do mesmo grupo, que tinha sido deixada de fora desse processo de recuperação, entrou no processo por decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça). O grupo empresarial que controla a marca de refrigerantes teve as contas bloqueadas pela justiça por conta de apontamentos de irregularidades no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). O CEO da empresa Laerte Codonho sempre alegou que foi vítima de contadores da empresa. Ele também costuma dizer ser perseguido pela Coca-Cola e essa tese virou um bordão da empresa de refrigerantes: “Brasileiro não tem medo de estrangeiro”, frase que estampa vídeos e peças publicitárias da empresa.
Procurada para comentar a greve nas empresas do grupo, a Dolly não se pronunciou.