
A cirurgia bariátrica que reduz o estômago a ponto de fazer com que o paciente perca peso de forma significativa, é apontada como solução para pacientes com obesidade em que outros tratamentos foram adotados, mas não deram resultado. No ABC o SUS (Sistema Único de Saúde) faz as cirurgias e não há fila, porém, como a intervenção cirúrgica é o último recurso a ser utilizado, do momento da indicação para tratamento até a sala de cirurgia, a espera é de dois anos, tempo previsto na diretriz do Ministério da Saúde.
São Caetano é uma das cidades da região que realiza as cirurgias bariátricas na saúde do município. Entre sexta-feira e sábado (dias 21 e 22/3) em um mutirão cirúrgico seis pessoas seriam submetidas a este procedimento, todos integrantes do GSD (Grupo de Saúde Diária0, de acompanhamento multidisciplinar, e que conta com cerca de 180 pacientes. “Importante frisar que esses pacientes não estão em fila. Todos estão sendo atendidos por psicólogos, nutricionistas, cardiologistas e gastroenterologistas, entre outros especialistas focados no tratamento mais adequado ao emagrecimento de cada um deles. Portanto, muitos deles não farão a cirurgia por não ser o procedimento adequado a seus casos. Lembramos que a cirurgia bariátrica não é a única solução para as pessoas obesas levarem uma vida mais saudável. Pelo contrário: na maioria dos casos, ela é o último recurso. Moradores com IMC (Índice de Massa Corporal) acima de 35 são elegíveis ao GSD, que funciona no Super Centro de Saúde. A porta de entrada do programa é a Atenção Básica (UBSs)”, informa a prefeitura, em nota
Santo André também realiza os procedimentos no CHMSA (Centro Hospitalar Municipal de Santo André) que, desde novembro de 2019 já fez 141 cirurgias do tipo. Em média dois pacientes são operados todos os meses e neste momento, segundo a prefeitura, 35 pessoas estão prontas para a cirurgia. A espera, por conta dos tratamentos a que os pacientes passam antes da definição pela cirurgia, pode levar até dois anos. “São indicados para a cirurgia bariátrica indivíduos que apresentem IMC ≥50 Kg/m²; Indivíduos que apresentem IMC ≥40 Kg/m², com ou sem comorbidades, sem sucesso no tratamento clínico longitudinal realizado, na Atenção Básica e/ou na Atenção Ambulatorial Especializada, por no mínimo dois anos e que tenham seguido protocolos clínicos; e indivíduos com IMC > 35 kg/m2 e com comorbidades como Doença Cardiovascular, Diabetes tipo 2, Hipertensão Arterial Sistêmica, apneia do sono, dislipidemia, osteoartrites, osteoartroses, entre outros, sem sucesso no tratamento clínico longitudinal realizado por no mínimo dois anos e que tenham seguido protocolos clínicos”, detalhou a prefeitura.
São Bernardo não respondeu à solicitação do RD e nas demais cidades não há realização de cirurgias bariátricas nos hospitais municipais, mas esses casos são encaminhados para hospitais de referência do Estado. Rio Grande da Serra diz que tem um paciente encaminhado e que aguarda cirurgia. Ribeirão Pires não informou quantos pacientes estão aguardando, mas destacou os pedidos são liberados em 30 dias via CROSS (Central de Regulação e Ofertas de Serviços de Saúde). Diadema informou apenas que não faz esse procedimento cirúrgico por ele ser de alta complexidade e Mauá diz que todos casos de cirurgia são encaminhados para o Estado e que dessa forma foram feitas seis cirurgias no ano passado e uma este ano.

O médico André Camara de Oliveira, endocrinologista e diretor da Sbem-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo), explica que a cirurgia bariátrica é apenas uma das opções de tratamento para a obesidade e diz que a cirurgia não é indicada para fins estéticos. “Paciente tem indicação de cirurgia bariátrica baseado no seu IMC e na presença ou não de comorbidades. Motivos estéticos não é indicação”, aponta.
Oliveira explica os diferentes tipos de cirurgias bariátricas, adotadas para cada tipo de caso e que antes do procedimento outras questões de saúde do paciente devem ser tratadas. “As técnicas mais realizadas atualmente são a Sleeve, na qual se diminui o tamanho do estômago, e a Bypass, na qual se diminui o estômago e faz transposição intestinal, ambas geralmente realizadas por videolaparoscopia. A recuperação costuma ser rápida e depende do paciente, sendo que no primeiro mês a dieta tende a ser mais rigorosa, evitando sólidos. O paciente deve ser avaliado por equipe multidisciplinar para descartar comorbidades sejam físicas ou psicológicas, como depressão e ansiedade descontrolados previamente ao procedimento”.
Segundo o especialista, mesmo com cirurgia o paciente deve manter o acompanhamento médico, fazer dieta e isso é para toda a vida. “Interessante um paciente que tem indicação de cirurgia bariátrica fazer acompanhamento prévio com psicólogo e esse acompanhamento deve prosseguir no pós operatório. A cirurgia bariátrica é a cereja do bolo, importante mudar hábitos alimentares, fazer atividade física regular, ter controle de stress/ansiedade e dormir bem. O tratamento idealmente deve ser multidisciplinar e pela vida toda com gastrocirurgião, endócrino, nutricionista e psicólogo”, completa André Camara de Oliveira.