Os praticantes de religiões de matrizes africanas estão em busca de um entendimento junto a Prefeitura de Diadema sobre o horário de funcionamento do Espaço Ilê de Omolu e Iansã, que fica dentro do Cemitério Municipal. Ao RDtv desta segunda-feira (24/03), o vereador Josa Queiroz (PT) relatou que aguardará até a próxima semana uma resposta do Poder Executivo sobre o assunto e não descarta uma denúncia de intolerância religiosa contra o Poder Público Municipal.
Desde o início do ano foi colocada uma placa indicando o funcionamento deste espaço entre as 8h e às 17h, o que na visão dos praticantes destas religiões está longe do ideal, pois a maiorias dos atos religiosos ocorrem no horário noturno.
“Não adianta falar que o Ilê está funcionando das 8h às 17h se ninguém, nenhum terreiro funciona neste horário. E geralmente as entregas, quando são marcados esses horários, que são trabalhos que fazem referência a esse espaço sagrado para nós que é o cemitério, ocorrem no período noturno. Então não faz o menor sentido colocar uma placa lá de um horário de funcionamento que não condiz com a necessidade e com o rito religioso em relação a utilização desse espaço.”, explica o petista.
Uma reunião com os representantes da Secretaria Municipal Meio Ambiente e Serviços Urbanos foi realizada no dia 14 de fevereiro. No dia 28 foi entregue um projeto para o melhor funcionamento deste local. Josa indica que vai esperar até o dia 28 de março por uma resposta sobre essa proposta. Caso uma resposta não seja dada até a próxima semana, o vereador não descarta a possibilidade de denunciar a Prefeitura por intolerância religiosa.
Bastidores políticos

Além do aguardo de uma resposta sobre o Espaço Ilê, Josa também aguarda as próximas movimentações do governo de Taka Yamauchi (MDB) junto ao Legislativo. Apesar das expectativas de reformas administrativas ou mesmo soluções para temas considerados sensíveis para a atual gestão, como as dívidas do município, até o momento só foi protocolado um projeto de lei de autoria do emedebista, falando sobre a flexibilização das regras sobre a localização dos conselhos tutelares. Propositura que ainda não tem data para a votação.
“Eles (governo) estão com muita dificuldade na interlocução política. Tem que ter compreensão de como funciona o Legislativo. O Legislativo tem a sua autonomia, o Legislativo ele evidentemente tem a sua representatividade e me parece que o governo não deu a devida importância ainda para reconhecer essa representatividade, e também a importância que tem para reconstruir maioria aqui na Câmara Municipal.”, diz Josa.
Apesar do processo de composição para incluir a minoria governista tanto na Mesa Diretora quanto nas principais comissões permanentes, o governo Taka segue com dificuldades para conseguir maioria. Das 21 cadeiras da Câmara, cinco são da bancada de oposição, seis da bancada governista e 10 da bancada independente. Tal cenário faz com que o governo evite o envio de projetos que possam ter um debate mais prolongado.