Santo André tem colocado em prática um ambicioso plano de descentralização cultural, cujo objetivo é expandir e diversificar o acesso a atividades artísticas em todos os bairros da cidade. Por meio de programas culturais como o “Território de Cultura” e o “Ocupa Cultura”, a administração municipal busca mapear as necessidades e desejos da comunidade, com oficinas e atividades descentralizadas, além de disponibilizar equipamentos culturais para o uso da sociedade civil.
Com mais de 680 vagas em cursos espalhados por 17 bairros da cidade, o Território de Cultura é um dos principais destaques da iniciativa. Através do programa, a população pode participar de oficinas em diversas linguagens artísticas como a dança, teatro, capoeira e viola caipira. Marco Moretto Neto, diretor do Departamento de Bibliotecas, Preservação e Memória da Secretaria de Cultura, esclarece que a seleção das atividades leva em conta as demandas e preferências da população local. “O projeto é resultado de um mapeamento cuidadoso das características e potencialidades de cada bairro”, afirma.
Segundo o diretor do departamento, o Território de Cultura é um projeto que vem de uma trajetória de anos na cidade, e, com o tempo, foi possível identificar os potenciais de cada bairro. “Entendemos que em alguns bairros, a linguagem funciona melhor, enquanto em outros, a população solicita uma manifestação específica, diferente da que foi escolhida ser trabalhada no bairro anterior”, explica Neto.

Democratização de acesso
Outro projeto que chama atenção na cidade é o “Ocupa Cultura”, que busca democratizar o uso de equipamentos culturais da cidade, como bibliotecas e centros culturais, permitindo que produtores culturais e entidades da sociedade civil tenham acesso a estes espaços. As inscrições para uso dos equipamentos são feitas por meio da plataforma CulturaZ, que garante transparência e acesso igualitário.
Inventário colaborativo
Em uma abordagem inovadora para a construção de um inventário de patrimônio e memória, o Santo André é Você é um projeto com foco na participação ativa dos moradores. Através de jogos, formulários e entrevistas, a iniciativa coleta informações sobre a percepção e os afetos dos cidadãos em relação à cidade, com uma narrativa plural e inclusiva. “O Santo André é Você coloca o cidadão como o protagonista da ação. Ele é um ator cultural, independente do que faça, e pode ser protagonista também na construção da memória da cidade”, explica o diretor.
O projeto contará, ainda, com um site, previsto para ser lançado em abril, que disponibilizará um acervo digital de fotos, entrevistas e outros materiais. Esse acervo permitirá a interação contínua com os cidadãos e a construção da memória coletiva da cidade. “A cidade é dinâmica, e os locais estão sempre se transformando. As informações vão sendo acrescidas, e a memória é construída de forma colaborativa”, explica Moretto.
Centros comunitários
Outra principal mudança prevista pelo plano de descentralização é a transformação das bibliotecas da cidade em centros comunitários. Além de oferecer acesso a livros, os espaços promovem atividades como saraus e encontros com escritores locais.
Segundo Moretto, a integração entre as diferentes áreas da Secretaria de Cultura, como bibliotecas, preservação da memória e ações territoriais, permite uma abordagem mais “holística” e eficaz na implementação de políticas culturais descentralizadas. “O grande diferencial dessa proposta é a inter-relação das políticas culturais”, afirma. Essa integração busca não apenas ampliar o acesso, mas também criar uma rede de apoio à produção cultural local.