
Um grupo de 16 padres e outros paroquianos foram até a Câmara de São Bernardo nesta quarta-feira (09/04) para se posicionar contra as falas do vereador Luiz Henrique Watanabe (PRTB) que na sessão do dia 19 de março fez uma fala relacionando o sacerdócio católico com a pedofilia. Enquanto os representantes da Igreja Católica reforçaram seu repúdio, o parlamentar voltou a pedir perdão, mas negou que tenha feito acusações contra todos os padres.
O Padre Dr. Jean Rafael Eugênio Barros, presidente e vigário judicial do Tribunal Eclesiástico Diocesano de Santo André usou a tribuna por 11 minutos e explicou como funciona o processo de investigação de supostos casos de pedofilia envolvendo sacerdotes.
“Se há problemas de fato, e não nos eximimos dos problemas de fatos da natureza humana em desvio de conduta, a Igreja sempre tem a sua ação. Nós temos um tribunal próprio, que o Tribunal Eclesiástico da Diocese de Santo André, que fica ao lado da Catedral, e temos também uma Comissão de Tutela de Menores e Vulneráveis, que o Padre Cícero é o presidente desta comissão.”, iniciou o Padre.
“A nossa fala não é para brigar, mas é uma fala para ter posicionamento. Se há padres pedófilos na nossa Diocese, nós viemos dizer justamente para dizer que apresente para nós para que possamos agir dentro dos organismos em instrumento próprio do viés do direito, que é o instrumento próprio da Igreja.”, concluiu.
Watanabe usou a tribuna na sequência e negou que tenha feito uma acusação contra todos os padres da Diocese de Santo André, e reafirmou o seu pedido de perdão pelas suas falas.
“Eu entendo o inconformismo com alguém que bateu na Igreja, então é compreensível que ele tenha entendido isso, porque algumas pessoas de fato entenderam, mas não corresponde integralmente com a integralmente com a realidade dos fatos. Como eu falei na minha própria retratação, se fosse para acusar alguém de pedofilia, isso tem que ser feito dentro dos termos do direito canônico, como de fato eu fiz em uma oportunidade.”, começou o parlamentar.
“No ponto em que ele pediu que eu desse os nomes, que eu mostrasse quem é, nisso ele traz consigo uma acusação de que eu generalizei, de que eu bati na Igreja, algo que eu jamais faria. Então, na medida em que alguma fala se baseia em um estudo de que supostamente algo aconteceu em 1930, 1940, nos Estados Unidos, e isso ficou bem claro nas notas taquigráficas, então eu jamais estaria acusando os padres de hoje, no Brasil, de serem pedófilos.”, concluiu o vereador.
Debate
O debate em si seguiu na Tribuna Livre. Ananias Andrade (PT) voltou a criticar Watanabe e a vereadora Nina Braga (PL), inclusive pedindo para que não houvesse mais a mistura entre questões religiosas e políticas, principalmente sobre o aspecto de polarização entre lulistas e bolsonaristas.
Nina Braga se defendeu ao dizer que não fazia tal mistura e reforçou sua defesa em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o que gerou vaias de alguns e aplausos de outros.
Jorge Araújo (União Brasil), Renan Queiroz (PMB) e o líder de governo, Julinho Fuzari (Cidadania) voltaram a repudiar a fala de Watanabe, mas também reclamaram sobre a mistura de política e religião, e o não debate sobre pautas do dia a dia da cidade.