
O Índice de Preços Ceagesp (IPC) encerrou o mês de março com variação de 3,95% ante uma variação de 2,55% no mês anterior. No mesmo período do ano passado, o índice apresentou variação de 5,61%. Com o resultado obtido, o índice encerrou o período apresentando um acumulado de 0,71% no ano e -0,91% em 12 meses.
Neste contexto, o destaque ficou com o setor de verduras, que encerrou o período com a maior desinflação entre todos os setores analisados. O recuo no preço das alfaces foi preponderante para este resultado. Com a mudança de estação ocorrida no final do período, a expectativa é de que o setor siga apresentando reduções de preços, uma vez que temperaturas mais amenas tendem a favorecer a produção de hortaliças folhosas.
Setorização
O setor de frutas variou 2,50% ante uma variação de 1,07% no mês anterior. No mesmo período do ano passado, o setor apresentou variação de 7,11%. Com o resultado obtido, o setor encerrou o período com um acumulado de -7,38% no ano e de 1,67% em 12 meses. Dos 48 itens cotados nesta cesta de produtos, 54% apresentaram alta de preço. As principais altas ocorreram nos preços de uva niágara (+55,35%), carambola (+40,72%), manga palmer (+32,59%), maracujá azedo (+25,86%) e melão amarelo (+24,78%). As principais reduções ocorreram nos preços de mamão havaí (-21,92%), laranja lima (-16,58%), maçã fuji (-15,38%), goiaba vermelha (-12,94%) e abacate geada (-10,49%).
O setor de frutas encerrou o período apresentando alta de preço, com uma aceleração de 1,4 ponto percentual (p.p.) em relação ao mês anterior. A aceleração de preço observada no setor foi puxada, principalmente, pelas reduções mensais de oferta, registradas até o dia 22/03/2025, de uva niágara (-54,0%), carambola (-16,2%), maracujá azedo (-14,3%), manga palmer (-5,8%) e melão amarelo (-3,4%). Após apresentarem arrefecimento de preço no mês anterior, à exceção do melão amarelo, a redução na oferta desses produtos contribuiu para a recuperação de seus preços.
Os preços do melão amarelo seguiram pressionados no mercado atacadista devido ao bom desempenho das exportações do produto. A menor disponibilidade interna no primeiro trimestre do ano tem contribuído para as sucessivas valorizações de preço no entreposto Terminal São Paulo (ETSP). Com isso, essa fruta encerrou o período ao preço médio de R$ 4,18/kg e, nos últimos 12 meses, sua valorização é de +6,7%.
O setor de legumes variou 16,36% ante uma variação de 5,91% no mês anterior. No mesmo período do ano passado, o setor apresentou variação de 6,92%. Com o resultado obtido, o setor encerrou o mês com um acumulado de 28,48% no ano e de -3,28% em 12 meses. Dos 32 itens cotados nesta cesta de produtos, 59% apresentaram alta de preço. As principais altas ocorreram nos preços de tomate carmem (+76,06%), tomate pizzad’oro (+71,00%), tomate cereja (+34,66%), tomate sweet grape (+34,58%) e abobrinha brasileira (+25,95%). As principais reduções ocorreram nos preços de inhame (-21,26%), pepino japonês (-21,20%), vagem macarrão (-17,56%), cará (-11,62%) e mandioca (-10,27%).
O principal fator responsável pela alta de preços observada no setor de legumes tem sido a valorização dos tomates. Após apresentarem preços abaixo do custo de produção no ano passado, os tomates encerraram o primeiro trimestre do ano com forte alta nos preços. No entreposto Terminal São Paulo (ETSP), o carmem encerrou o período ao preço médio ponderado de R$ 7,74/kg, enquanto a variedade pizzad’oro fechou a R$ 8,00/kg. Em 12 meses, ambos os produtos registram valorização de 11,6% e 28,5%, respectivamente. Até o dia 22/03/2025, as duas variedades apresentavam redução de oferta de -21,1% e -10,2%, respectivamente. A boa qualidade e a oferta mais restrita dos produtos indicam que os preços dos tomates devem continuar com tendência de alta no mercado atacadista.
O setor de verduras variou 2,03% ante uma variação de 30,77% no mês anterior. No mesmo período do ano passado, o setor apresentou variação de -2,47%. Com o resultado obtido, o setor encerrou o mês com um acumulado de 28,37% no ano e de 6,70% em 12 meses. Dos 39 itens cotados nesta cesta de produtos, 51% apresentaram alta de preço. As principais altas ocorreram nos preços de salsa (+39,76%), coentro (+28,60%), salsão (+27,43%), repolho liso (+20,24%) e alho-poró (+17,08%). As principais reduções ocorreram nos preços de couve manteiga (-28,72%), rúcula hidropônica (-19,42%), alface crespa (-18,44%), alface crespa hidropônica (-18,33%) e agrião hidropônico (-15,98%).
As reduções de preços das alfaces favoreceram a forte desaceleração ocorrida no setor. Após registrarem forte alta no mês anterior devido às chuvas que atingiram as principais regiões produtoras de hortaliças, os preços recuaram no mercado atacadista. Entre as principais variedades, a alface crespa fechou o mês cotada a R$ 1,64/unidade, enquanto a alface lisa ficou cotada a R$ 1,99/unidade e a alface americana, a R$ 2,93/unidade. Em 12 meses, os produtos apresentam, respectivamente, as seguintes variações de preço: -8,5%, -10,8% e -5,3%.
O preço do coentro segue em alta no mercado atacadista e, com o resultado obtido no período, o produto apresentou, no ETSP, preço médio de R$ 19,22/maço. Em 12 meses, o produto registra uma variação de preço de +156,4%. Ao longo da série histórica, os eventos climáticos extremos estão entre os principais motivos para a alta de preço do produto, já que calor e chuvas excessivas, ou fora de época, inviabilizam a colheita, culminando na redução de oferta e qualidade. Na mesma época do ano passado, 250 toneladas de coentro foram colhidas e enviadas para comercialização no ETSP, contra as 172 toneladas em 2025, o que representa uma redução de 31%. Quando comparada ao mês anterior (fevereiro de 2025), a redução da oferta foi de 9%.
Outro item que segue ganhando preço no mercado atacadista é o repolho liso. Com o resultado no período, o item registrou a terceira alta seguida de preços e, no ETSP, encerrou o período cotado, aproximadamente, a R$ 3,15/cabeça. Nos últimos 12 meses, a variação de preço é de +2,5%.
O setor de diversos variou 2,93% ante uma variação de 5,79% no mês anterior. No mesmo período do ano passado, o setor apresentou variação de 0,78%. Com o resultado obtido, o setor encerrou o mês com um acumulado de 7,99% no ano e de -18,40% em 12 meses. Dos 11 itens cotados nesta cesta de produtos, 55% apresentaram alta de preço. As principais altas ocorreram nos preços de coco seco (+14,80%), batata escovada (+11,19%), cebola nacional (+5,22%), alho nacional (+3,00%) e ovos vermelhos (+0,13%). As principais reduções ocorreram nos preços de ovos de codorna (-4,75%), batata asterix (-2,39%), amendoim com pele (-0,57%), amendoim sem pele (-0,38%) e batata lavada (-0,34%).
O setor de diversos, assim como o setor de verduras, também apresentou desinflação em relação ao mês anterior. A desaceleração foi puxada, principalmente, pelas reduções nos preços das batatas lavada e asterix e pela estabilidade nos preços dos ovos. Na média ponderada, a batata lavada fechou a R$ 3,43/kg e a asterix fechou com R$ 2,72/kg. Com o resultado do período, a batata lavada apresenta uma variação de preço de -33,4% nos últimos 12 meses, enquanto a asterix registra -57,9%.
Após registrarem forte alta no mês anterior, os preços dos ovos brancos e vermelhos mantiveram-se praticamente estáveis no período. A dúzia dos ovos brancos fechou o mês ao preço médio ponderado de R$ 12,79. Já a dúzia dos ovos vermelhos fechou a R$ 13,04. Contudo, ambos os produtos seguem valorizados no mercado atacadista. Nos últimos 12 meses, os ovos brancos registram uma variação de preço de +26,6% e +20,0% para os ovos vermelhos. A tendência é que os preços de ambos os produtos sigam pressionados até o fim da Quaresma.
O coco seco segue com tendência de valorização no mercado atacadista. O produto encerrou o período ao preço médio ponderado de R$ 6,04/kg. Nos últimos 12 meses, o produto já registra uma variação de preço de +118,2%. A oferta mais restrita do produto tem impulsionado essa alta nos preços.
Apesar da alta de preço registrada pela cebola nacional, os preços do produto ainda estão bem atrativos. Na média ponderada, o item encerrou o período a R$ 2,42/kg. Na cesta de 158 produtos acompanhados pelo IPC, a cebola nacional registra, nos últimos 12 meses, variação de preço de -59,0%.
O setor de pescados variou 1,42% ante uma variação de -2,48% no mês anterior. No mesmo período do ano passado, o setor apresentou variação de 3,95%. Com o resultado obtido, o setor encerrou o mês com um acumulado de 11,65% no ano e de 3,02% em 12 meses. Dos 28 itens cotados nesta cesta de produtos, 61% apresentaram alta de preço. As principais altas ocorreram nos preços de peroá branco (+38,30%), pescada branca (+34,12%), pescada maria-mole (+21,67%), espada (+21,47%) e bagre água salgada (+21,41%). As principais reduções ocorreram nos preços de cavalinha (-24,34%), camarão cativeiro (-15,39%), pescada amarela (-12,52%), atum (-11,30%) e tambaqui (-7,08%).
O setor de pescados encerrou o período apresentando alta de preço, com uma aceleração de 3,9 p.p. em relação ao mês anterior. A aceleração de preço observada no setor foi puxada, principalmente, pelo aumento na demanda sazonal por peroá branco, pescada branca e pescada maria-mole. Historicamente, nesta época do ano, esse tipo de pescado tende a se valorizar no mercado atacadista devido à Páscoa. O peroá branco encerrou o período ao preço médio de R$ 13,00/kg, com valorização de +31,3% nos últimos 12 meses. Por sua vez, a pescada branca fechou a R$ 11,51/kg, com valorização de +18,0% nos últimos 12 meses, e a pescada maria-mole a R$ 6,79/kg, com desvalorização de -1,9% nos últimos 12 meses.
Contudo, a oferta desses produtos se manteve aquecida no mercado atacadista, registrando volumes superiores em relação ao mês anterior. Até o dia 22/03/2025, o peroá branco havia registrado uma alta de +56,9% no volume de oferta. Na mesma direção esteve a pescada branca, que ampliou em +8,6% o seu volume de oferta, enquanto a oferta de pescada maria-mole subiu +5,9%. A expectativa, portanto, é de que a oferta desses produtos no mercado atacadista se mantenha em bons níveis até a Páscoa.