Os juros futuros fecharam o dia sem direção única, com as taxas curtas mostrando viés de alta e as demais em queda, com a curva perdendo inclinação. A liquidez seguiu abaixo do padrão, refletindo a falta de apetite na montagem de posições antes do feriado prolongado. Com os juros dos Treasuries subindo de um lado e o dólar caindo, de outro, as taxas locais estiveram em boa medida a mercê de fatores técnicos relacionados ao grande leilão de prefixados do Tesouro.
No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 estava em 14,775%, de 14,730% nesta quarta-feira (16/04) no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 subia a 14,23%, de 14,19%. A taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 13,97% (de 14,00%) ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2029 recuou de 14,11% para 14,06%.
Na semana, a curva também perdeu inclinação, com recuo em todas as taxas, mais acentuado nos vencimentos longos, uma vez amplificados os temores com a recessão global, que, se confirmada, tende a deprimir os preços de commodities e a estimular um alívio na política monetária dos principais bancos centrais.
A influência dos Treasuries sobre a curva local foi limitada. Os yields subiram de forma moderada, após novos sinais de força do mercado de trabalho do país apontada pela queda dos pedidos de auxílio-desemprego. Os mercados de títulos dos EUA fecharam mais cedo e permanecerão fechados na Sexta-feira Santa. Na segunda-feira, os negócios serão retomados enquanto no Brasil a B3 estará fechada em função do feriado em homenagem a Tiradentes. O dólar cedeu na esteira do avanço dos preços do petróleo, fechando aos R$ 5,8037, o que é boa notícia para o cenário de preços.
Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, a curva longa cedeu em boa medida em função do leilão do Tesouro. “Foi um leilão gigante nas NTN-F e na LTN 2029. Quem fica comprado no papel tem de fazer a contraparte no DI”, afirmou.
O Tesouro vendeu integralmente os lotes de 20 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN), sendo a maior parte, 12 milhões, concentrada no vencimento de 1/1/2029, e de 5 milhões de Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F). O risco para o mercado (DV01) ficou em R$ 5,4 milhões. “Foi o maior leilão de prefixados desde 20 de março, em DV01”, informou a equipe de renda fixa da XP.
Não fosse o efeito do leilão, a ponta longa estaria mais pressionada pelo risco fiscal crescente, na opinião de Sanchez. “O noticiário não é favorável, vide os orçamentos pouco factíveis que retomam à era Dilma e que vão minando a credibilidade fiscal”, disse o economista.
Os vencimentos curtos mostraram mais rigidez, apesar do forte alívio do câmbio e do novo reajuste para baixo nos preços do diesel, anunciado pela Petrobras. O efeito mais direto é sobre os preços no atacado, via frete, devendo chegar mais diluído nos preços ao consumidor.