
Na tarde desta quinta-feira (17/04) aconteceu a primeira operação conjunta deste ano entre as Guardas Civis Municipais do ABC. A chamada “Operação Força Azul Marinho”, nome em alusão à cor do uniforme das corporações municipais, aconteceu no Centro de Mauá. As GCMs de toda a região forneceram equipes para uma ação de concentração e policiamento. A operação é fruto da primeira reunião dos comandantes das guardas que ocorreu na terça-feira (15/04) em São Caetano.
Ações como troca de experiências nas áreas de treinamento, táticas policiais e em tecnologia estão no radar dos comandantes das guardas. A região tem cerca de 2,4 mil guardas. Para o comandante da GCM de São Caetano, o inspetor Sérgio Ramos Vieira, com a reunificação da região em torno do Consórcio Intermunicipal do ABC, a conversa entre os secretários municipais que atuam na área de segurança ficou mais frequente e, com isso, as conversas entre os comandantes ficaram mais frequentes e culminaram no encontro desta semana. “Na minha opinião a organização de operações com a de hoje (quinta-feira, 17) vai trazer resultados e também mostrar uma força tremenda das guardas, principalmente agora que o STF (Supremo Tribunal Federal) definiu sobre o poder de polícia, que temos um treinamento mais focado em pegar criminosos”, analisa.
O comandante de São Caetano diz que a troca de experiências será entre as sete cidades e também a Capital, que desde março integra o Consórcio Intermunicipal também. “Se nós aqui em São Caetano temos muito que compartilhar sobre a tecnologia que temos, sobre o treinamento, também vamos aprender bastante com as guardas de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, por exemplo, quanto aos crimes ambientais, que são mais rotina para eles. Crime ambiental não acontece só em área de mata, temos o tráfico de animais silvestres, eventualmente pode ocorrer derramamento de algum produto tóxico em córregos, tudo isso eles também vão poder nos ajudar. Nós apresentamos já em treinamentos a necessidade da câmera corporal, que o guarda pode ter alguma resistência, mas ela produz prova não apenas contra o guarda, mas pode também resguardá-lo; drones é outra tecnologia que temos e que pode ser usada em toda a região, em áreas de difícil acesso ou que representem perigo ao guarda, então já estamos passando muita coisa e aprendendo também”, conta.
Com 31 anos de Guarda Civil em São Caetano, Vieira diz que o momento para as guardas é excepcional. “Eu não concordo com ter que mudar o nome, como outras cidades fizeram para Polícia Municipal, lutamos tanto para ter o reconhecimento que temos hoje como guarda, não tem porque mudar. Eu vejo que as guardas estão hoje como sempre sonhei que deveriam estar, são reconhecidas pela justiça, fazem um trabalho excepcional, estou muito feliz por isso”, relata.
A prefeitura de Ribeirão Pires chegou a anunciar a mudança de nomenclatura da sua corporação para Polícia Municipal. Diante da definição do Judiciário de que a mudança não seria possível, o município voltou atrás. “A Prefeitura de Ribeirão Pires, por meio da Secretaria de Segurança Pública, Mobilidade e Defesa Cívil, informa que segue a determinação do Superior Tribunal de Justiça e que mantém atualmente a nomenclatura da Guarda Civil Municipal. Vale ressaltar que não foi feita troca de farda”, diz comunicado da prefeitura.
Dentre as ações discutidas na reunião dos comandantes, está a tentativa de se estabelecer uma frequência e rádio comum para as guardas da região e da Capital, para facilitar a comunicação e o policiamento nas divisas. “Eu vejo que a grande vantagem dessa cooperação é a proteção nas divisas, pois uma viatura em perseguição a um veículo produto de crime em São Caetano, não vai parar na divisa com Santo André, os bandidos vão continuar, se tivermos uma comunicação única, os guardas de Santo André podem vir no sentido contrário para a interceptação. Quanto mais guardas envolvidos, se diminui a possibilidade de um tiroteio e perda de vidas, porque os bandidos, em número menor, não vão trocar tiros. Uma frequência em comum para as guardas é possível, mesmo que seja apenas um ponto de rádio nas bases, já é suficiente para repassar as informações para as viaturas”, completa.
Diadema não participou da reunião de terça-feira em São Caetano e alegou que a GCM local não foi informada do encontro, apesar disso, em nota, a administração diz que tem todo interesse em estabelecer parcerias para aprimoramento da segurança, principalmente nas divisas que tem com São Bernardo e com a Capital. “Temos total interesse em participar de reuniões que promovam a integração regional das Guardas Civis. Entendemos que encontros desse tipo são fundamentais para o fortalecimento da segurança pública em toda a região. As divisas com a Capital e com São Bernardo apresentam desafios significativos para a segurança pública, como rotas de fuga utilizadas por criminosos, lacunas na atuação policial em áreas de fronteira, fuga e refúgio de infratores entre os municípios, além de dificuldades operacionais e burocráticas na cooperação entre as forças de segurança. Acreditamos que a integração regional é fundamental para o enfrentamento desses problemas, permitindo ações coordenadas e mais eficazes. Entre as estratégias que consideramos importantes estão o patrulhamento integrado entre os municípios, a criação de centros de comando e controle compartilhados, o mapeamento conjunto de áreas críticas, o estímulo a projetos sociais de prevenção ao crime e a melhoria da iluminação pública nas divisas”, diz nota do paço diademense que acrescentou também que apoia a criação de uma frequência de rádio para as guardas e defendeu também atuação conjunta também com as polícias Civil e Militar. Diadema tem mais de 300 guardas.
A prefeitura de Santo André, que tem cerca de 600 GCMs, diz que o encontro entre os comandantes das GCMs teve o objetivo de fortalecer a atuação integrada da corporação, além do aperfeiçoamento profissional e para alinhar estratégias de enfrentamento com a criminalidade. Foram abordados também a importância da formação contínua das guardas e o compromisso com a eficiência e segurança da população.
Veja vídeo da operação desta quinta-feira em Mauá: