O Relatório Nacional sobre a Demência, divulgado pelo Ministério da Saúde em 2024, aponta que cerca de 8,5% da população do País com 60 anos ou mais convivem com essa doença, o que representa 2,71 milhões de casos. A projeção que até 2050 o Brasil tenha 5,6 milhões de pessoas diagnosticadas. Ao RDtv desta segunda-feira (21/04), a médica neurologista a coordenadora do Ambulatório de Neurologia Cognitiva, do Centro Universitário Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), Lis Gomes Silva, explicou sobre a doença e seus principais tipos: Alzheimer e Parkinson.
“Demência é quando a gente tem um comprometimento cognitivo e esse comprometimento cognitiva leva ao prejuízo na funcionalidade, ou seja, no funcionamento do indivíduo. Chamamos de comprometimento cognitivo quando emos os comprometimentos das nossas funções mentais superiores.”, explica Lis.
A idade é o principal fator de risco, principalmente em pessoas com 65 anos ou mais. Porém, a especialista aponta que não necessariamente uma pessoa nesta faixa de idade tenha qualquer tipo de demência. Outros fatores ambientais e sociais podem influenciar em um futuro diagnóstico, entre eles, ser fumante, tomar bebidas alcoólicas e má alimentação. Pessoas abaixo da faixa de idade mencionada podem também apresentar sintomas desta doença, porém, é algo mais raro de acontecer.
Tipos

Entre os principais tipos de demência estão: a vascular; o Corpo de Lewy; a Fronto Temporal (DFT); Huntington; a associada ao HIV; a Degeneração Corticobasal; e a Binswanger. Mas as mais diagnosticadas são Alzheimer e Parkinson.
O Alzheimer é a líder mundial. Aproximadamente 70% dos casos de demência são deste tipo. A estimativa é que 50 milhões de pessoas no planeta vivam com essa doença. No Brasil, a estimativa é que 1,2 milhões de pessoas tenham esse diagnóstico e a média de novos casos é de 100 mil por ano.
Apesar de alguns casos gerarem alterações de comportamento, o principal sintoma é o comprometimento da memória. O esquecimento de informações recentes e mesmo a desorientação espacial em locais familiares são os principais pontos de alerta. Segundo Lis, para chegar ao diagnóstico são feitos diversos exames clínicos e pedidos de exames laboratoriais e de imagem para descartar outros fatores como um tumor, por exemplo.
Mas outra ação é a colaboração de pessoas próximas ao paciente. “É superimportante a informação de uma pessoa que convive com o indivíduo que está apresentando os sintomas, que percebe. Muitos pacientes não percebem a própria dificuldade.”, explica.
O segundo tipo mais comum é o Parkinson. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 4 milhões de pessoas tenham esse tipo de demência no mundo, o que representa 1% da população mundial com 65 anos ou mais. No Brasil a estimativa é de 200 mil casos diagnosticados.
“O Parkinson é super reconhecido por seus sintomas motores. Aquele tremor em repouso, a lentificação dos movimentos, a rigidez, a alteração do equilíbrio. Mas o Parkinson também cursa com sintomas cognitivos, principalmente na dependência do tempo de doença. Quanto maior o tempo de doença de Parkinson, maior é a frequência, a prevalência de demência na doença de Parkinson, porque é um processo neurodegenerativo que vai comprometendo outras áreas, não apenas núcleos, centros motores, mas também centros corticais associados a cognição.”, explica a médica.
Atualmente estes tipos de demência contam com tratamentos sintomáticos, que vão variando de caso para caso, mas ainda sem uma cura, mas buscando entregar uma melhor qualidade de vida para o paciente.