
Quem sofre de tontura dentro do carro, mesmo no banco do passageiro, sabe o quanto o incômodo pode atrapalhar o dia a dia. Conhecido como cinetose, o problema afeta milhões de crianças e adultos no mundo todo e, em casos mais graves, pode até levar ao vômito.
Um novo estudo da Escola de Medicina da Universidade de Nagoya, no Japão, divulgado neste sábado (25/4), trouxe uma esperança para quem enfrenta o problema: a exposição a um som grave e específico pode reduzir significativamente os sintomas da cinetose.
“O estudo mostrou que ouvir um tom puro de 100 Hz — uma frequência extremamente grave, abaixo do alcance da voz humana —, nos dois ouvidos e a uma intensidade de 80 a 85 dBZ (um volume relativamente alto, mas seguro), durante apenas um minuto, foi capaz de diminuir a variação dos batimentos cardíacos e o desequilíbrio que a cinetose provoca”, explica o neurologista Saulo Nader, especialista em distúrbios vestibulares pela USP (Universidade de São Paulo) e membro da Bárány Society.
A pesquisa, que começou com testes em ratos e depois envolveu 82 participantes humanos, confirmou que a intervenção sonora reduziu o desconforto de forma significativa. “O que eles usaram foi um som puro, uma única frequência sonora contínua, sem misturas nem distorções, como se fosse uma nota isolada de um instrumento musical ou um tom gerado por um aparelho específico”, ressalta Nader.
Para garantir a qualidade do som, foi necessário um equipamento especial, ainda grande e pouco portátil.
Apesar dos resultados animadores, o neurologista diz que a Ciência precisa de estudos maiores para confirmar essas descobertas. Muitas vezes, achados positivos em pesquisas iniciais não se repetem em estudos posteriores. “Mas torcemos para que essa técnica simples se confirme, pois seria um grande alívio para quem sofre com a cinetose”, afirma.
Enquanto novas soluções não chegam, a tecnologia já oferece algumas ajudas. Segundo Nader, o iOS lançou recentemente a função “Indícios de Movimento”, que pode ajudar algumas pessoas a reduzirem os sintomas durante deslocamentos. Para usuários de Android, há o aplicativo Kine Stop, que oferece funcionalidade semelhante.
Além dessas novidades, a Medicina conta com tratamentos eficazes para os casos mais graves, como medicamentos específicos, reabilitação vestibular e até estimulação magnética transcraniana. “Existem muitas opções para tratar a cinetose. O importante é não se conformar com o desconforto e buscar ajuda especializada”, orienta o neurologista.