ABC - segunda-feira , 28 de abril de 2025

Funcionário da Oxiteno morre por acidente de trabalho

Ainda que manifestação tenha baixa adesão, Sindicato exige medidas preventivas contra acidentes (Foto: Dino Santos)

Neste sábado, 2 de maio, morreu Danilo Cantalice, de 32 anos, funcionário da empresa Oxiteno, em Mauá, vítima de um acidente de trabalho ocorrido em 26 de abril. Segundo assessoria de imprensa do Sindicato dos Químicos do ABC, Danilo sofreu queimaduras ao receber uma projeção de Fenol ao finalizar o descarregamento de uma carreta do produto. O tórax e o rosto do funcionário foram atingidos, mesmo utilizando equipamentos de proteção. O caso gerou comoção entre os funcionários e o Sindicato realizou manifestação nesta segunda-feira, 4, contra o aumento no número de acidentes na empresa.

A manifestação ocorreu com baixa adesão dos funcionários, pois o horário coincidiu com o velório de Danilo, agendado para a mesma manhã, às 9h. “Muitos funcionários foram direto para o velório, outros nem chegaram a ir trabalhar”, diz Paulo José dos Santos (Paulão), coordenador da regional Santo André do Sindicato dos Químicos. Outras manifestações deverão ser realizadas, além de um encontro que ocorrerá nesta quarta-feira (6) com os representantes da empresa para cobrar medidas preventivas contra novos acidentes e ter informações de como a Oxiteno ajudará a família da vítima.

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Cinco ocorrências foram denunciadas desde dezembro do ano passado, contabilizando seis vítimas, de acordo com o coordenador do Sindicato. “Houve explosão de rede elétrica com dois feridos. Depois, outro funcionário sofreu queimaduras nos pés, e outro foi atingido por um jato de produto tóxico. Na última sexta-feira, 1º de maio, houve explosão de um tambor de produto químico que atingiu dois trabalhadores, um deles ainda está na UTI”.

Paulão afirma que os acidentes acontecem por conta de uma modificação na carga horária feita em setembro do ano passado. “Eles aumentaram o horário de almoço de 30 minutos para uma hora, sendo que há legislação especificando que a indústria química e petroquímica pode reduzir os horários de repouso justamente pela necessidade de trabalho contínuo”. O aumento, segundo o coordenador, se deu pela necessidade de retirar o HRA – hora de repouso adicional -, pagamento efetuado pela empresa representando 32,5% do salário para compensar o curto período de almoço permitido aos funcionários. “Quando aumentam para uma hora, aqueles trabalhadores que continuaram o serviço ficam sobrecarregados e expostos à insegurança”.

Problemas semelhantes foram observados na empresa Solvay, onde, segundo Paulão, foram registradas 14 ocorrências envolvendo empregados terceirizados. “Estamos agindo também para defender esses trabalhadores, principalmente diante do PL 4330 que precarizará as relações de trabalho e colocará mais funcionários em risco”, diz o sindicalista. “Esperamos que, antes da reunião com a empresa, nos encontremos com o Ministério do Trabalho para exigir que a empresa volte a permitir 30 minutos de almoço e contrate mais funcionários, porque o problema da sobrecarga dos trabalhadores se dá justamente pela insuficiência do atual quadro de efetivos”.

A Oxiteno, em nota, limitou-se a dizer que Danilo Candelice foi socorrido imediatamente pelo serviço de resgate e levado para tratamento no Hospital Brasil, em Santo André. “A empresa está prestando todo o apoio necessário à família do funcionário e se solidariza com amigos e parentes neste momento de dor. Também está colaborando com as autoridades competentes para que as causas do acidente sejam apuradas”, finaliza a nota.
 

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